21 de dezembro de 2010

Resenha: Strange Angels (Vol. 01)

 Como prometido, cá estou eu, postando a resenha de Strange Angels, mas já aviso, apesar da história ser muito bem elaborada e de certa forma, inédita - afinal não usa clichês típicos, muito menos idéias já apresentadas em outras obras -, é muito, mas muito mal escrito.
 Mas antes de argumentar e resenhas, é claro, como de praxe, os dados técnicos:



Sinopse: "Meu pai? Um zumbi. Minha mãe? Morreu faz tempo. Eu? Bom... essa é a parte assustadora.
 O Mundo Real é um lugar apavorante. Basta perguntar para Dru Anderson, uma órfã de 16 anos - garota durona que já acabou com sua parcela de bandidos. Ela está armada, é perigosa e está pronta para atirar primeiro e perguntar depois. Então, vai levar um tempo até que ela possa descobrir em quem confiar...  Dru Anderson se acha estranha  por mais tempo do que é capaz de lembrar. Ela viaja de cidade em cidade com seu pai, caçando coisas que nos aterrorizam à noite. Era uma vida bem esquisita, mas boa - até que tudo explode em uma cidade gélida e arruinada de Dakota, quando um zumbi faminto arromba a porta da cozinha.Sozinha, aterrorizada e sem saída, Dru vai precisar de cada pedacinho de sua esperteza e treinamento para continuar viva. Seres sobrenaturais decidiram ser os caçadores - e desta vez, Dru é a presa. Chance de sobrevivência? De pouca a nenhuma. Se ela não durar até o amanhecer, acabou a brincadeira..."





Título: Strange Angels 
Título Original: Strange Angels
Autor: Lili St. Crow
Editora: Novo Século
Número de páginas: 287 (contando com um pedacinho do primeiro capítulo do segundo volume)


             
  Bem, só para terem idéia, esse foi o primeiro livro que eu, enquanto lia, peguei um caderninho e fui enumerando seus salientes defeitos. Como eu disse, o livro é ótimo, com um ambiente, cenário, contexto e trama totalmente inéditos e inovadores, e eu realmente gostei dele, e estou com aquele vaziozinho que a gente costuma sentir quando termina um livro, mas eu realmente lamento muito que ele tenha sido escrito por Lili St. Crow . Na verdade, não sei se a culpa é dela, ou do tradutor, Giorgio Capelli, mas ainda creio que é dela, afinal o pobre homem só traduz o que ela já escreveu. E ela escreve muito, mas muito mal. Eu desejaria de todo coração que a história tivesse brotado na cabeça de L.J. Smith, Gena Showalter, Richelle Mead - cujo a autora de Strange Angels agradece por ter dado o empurrãozinho -, porque Lili, você simplismente não sabe escrever!
Mas antes que eu continue criticando, vou esclarecer o porque de tanta indignação e revolta. A história tem o típico perfil de Supernatural (a série), e até é bem familiar, Dru Anderson, a protagonista, é filha de um caçador - de criaturas sobrenaturais, claro - e foi criada até certa idade (12 anos) por sua avó paterna, após a morte de sua mãe - certamente, uma morte não natural, e que se quiserem descobrir, vão ter de ler - por volta de quando Dru tinha apenas 5 anos. Porém, com a morte de sua avó, seu pai finalmente teve de se encarregar da criação de sua filha, assim levando-a em caçadas, treinando-a e usando-a como assistente.  
 Como eu disse, o enredo é muito inteligente, e não foi algo que eu poderia dizer ''ótima idéia, mas poderia ser melhor utilizada e desenvolvida'', não, a história foi muito bem utilizada e desenvolvida. Como eu disse para mim mesma, no banho, enquanto pensava na resenha: a história flui, o texto não.
 Vamos aos fatos - que para ajudar, vou enumerar:
1 - O texto é exageradamente descritivo, mas além disso é um descritivo exagerado e repetitivo. Era inevitável que você lesse milhares e milhares de vezes o modo como a neve flutuava, paraiva, caia no chão ''como moedinhas'' - e isso nos leva ao item 2.
2 - Até uma boa parte da história - capítulos e capítulos após mais capítulos - o livro praticamente não tem interação alguma com os personagens - que são pouquíssimos - ou seja, ou o texto todo passa descrevendo o ambiente ou fatos, ou você fica preso nos comentários de Dru Anderson - que, diga-se de passagem, por muitas vezes é a maior chatinha revivendo momentos. Como o livro é em primeira pessoa, narrado pela própria Dru, ela que descreve e conta tudo, e conta muito mal, o que nos leva aos itens seguintes.
3 - Para começar, a linguagem é muito coloquial, tudo bem, às vezes é engraçadinho quando as pessoas falam algo errado, ou a palavra é escrita conforme o sotaque, mas o que eu quero dizer é que é o tempo todo assim, e não só as falas, mas o texto em si, descrevendo, contando, é muito chulo, como quando se conversa no MSN - não que esteja escrito ''q'' em lugar de ''que'', mas aquela coisa ''eu tava lá e cê num apareceu''.
4 - A repetição de termos é incrível, como as tais ''moedinhas'' ou ''gosto de laranja de cera'' - desculpe a ignorância, mas o que diabos é uma laranja de cera? Pelo que imagino é uma vela em formato de laranja? - ou seja, ela mal usa sinônimos, que para enriquecer o texto, é sempre útil, então ela só consegue relatar a história sempre com os mesmos termos.
5 - Ela tem uma dificuldade de se expressar i-n-c-r-í-v-e-l. Ela simplismente deve sentir uma sensação, emoção, e não consegue explicá-la, expressá-la, e para fazer isso, usa termos inapropriados, adjetivos e comparações aleatórias, tentando se comunicar, coisas difíceis e sem concordância - não é o caso, imagino, mas um exemplo é ''sentir gosto do cheiro de café'', tipo, hello? Como que faz isso? Ou tipo ''minhas pernas tremiam como macarrão''.
6 - Ela repete as informações, iguaizinhas, inúmeras vezes durante o livro, conta de novo, e de novo, e tem o mesmo pensamento uma, duas, três, vezes - o detalhe disso, é que Dru narra até usando o ''você'', como se estivesse mesmo sentada do seu lado, contando, então é uma chatice ela te contar a mesma coisa várias e várias vezes.
7 - O exagero de criaturas sobrenaturais é cômico tipo serpentes aladas, chupa-cabras ou baratas gigantes, isso para mim não mete medo, é de rir.
8 - Olha, de interação com personagens fixos, são só quatro - Dru, Graves, Christophe e o pai de Dru, Dwight - ou seja, muito, mas muito pouco personagem mesmo.
9 - Enquanto Dru narra como se estivesse contando a história, o texto se torna desordenado, como se ela estivesse confusa, primeiro comenta uma coisa, que leva a outra, e a outra que não tem nada a ver com a primeira, nem com o que está acontecendo, parece uma miscelânea.
10 - Erro de concordância verbal, tipo ''se ele soubesse que saísse dali ia causar tanto problema'', quando deveria ser '' se ele soubesse que sair dali ia causar tanto problema'' - talvez isso seja culpa do tradutor, mas não é uma vez só que vi isso, então...
11 - O que me dá muita, mas muita raiva, é o uso de terminologia errônea. Sabe, quando você vai escrever sobre algo, você precisar pesquisar, estudar, conhecer esse algo, e isso não é algo que ela mostre ter feito. Ok, talvez alguns não saibam, mas vampiros e nosferatus não são a mesma coisa. Nosferatu é um tipo, muitas vezes dado como raça, espécie, clã ou tribo de vampiros, mas não que você possa generalizar usando nosferatu como sinônimo de vampiro - em filmes como Blade ou até mesmo em RPGs nosferatus são uma raça ou clã de vampiros mais ''mendigos'' e ''malvados'', daquele tipo quase zumbi, que vive em esgotos e coisas do tipo - assim como a teoria dela de loup-garou e lobisomem é de chorar de tanto rir - vejam só, se você é mordido virgem por um lobisomem, você vira um loup-garou, ou seja, você ganha poderes, pode se transformar em lobo ou homem, já se você vira um lobisomem é um monstro grotesco e irracional. Além disso, quem é que inventou essa idéia de virgem? Também odiei o jeito dela de escrever damphyr (djamphir) - nunca fui grande fã da teoria dos damphyres, mas...
12 - Imaginem uma cena de luta, uma cena decisiva, de ação, tensão. Agora imaginem que, no meio da cena, a narradora para tudo e começa a descrever os malditos flocos de neve, ou a luz do céu, e fica parágrafos e parágrafos interrompendo a bendita cena, fazendo você brochar e perder todo o ânimo, para contar como está o clima lá fora, ou ficar se remoendo e resmungando mentalmente!
13 - O uso do pleonasmo (redundância) é absurdo. Para quem matou a aula de português, pleonasmo é tipo ''choveu a chuva'', ''riu um riso'', etc... É um saco. Poxa, não somos burros, sabemos o óbvio.
14 - Pensem numa cena reconfortante, entrem no sentimento da protagonista, já deduza o que ela sente, e então, de repente a própria protagonista descreve o seu sentimento erroneamente. Você sente, sabe, que ela se sentiu alegre, feliz, achou aquilo reconfortante, e no entanto ela descreve como ''engraçado''? Ou seja, ela usa erradamente as palavras para descrever sentimentos e sensações, acho que a autora realmente precisa de um dicionário ou rever certos conceitos do que aprendeu como significando algo e outro.
15 - Por várias vezes alguém realiza uma ação, e você fica na dúvida de quem foi que fez. É meio mal explicado. Mesma coisa sobre algumas falas e comentários. Para quem é direcionado? Quem falou? Quem fez tal coisa?
 Enfim esses são alguns dos mil motivos que eu tenho para ficar infeliz por ter sido essa escritora que tenha escrito um livro tão fantástico.
 Contudo, eu ainda não terminei! Vamos aos personagens!
Dru, bem, eu gosto dela, mas, nem chega perto de uma protagonista - como diz na sinopse - durona, perigosa, entre outras características, ou seja, não chega nem perto de ser uma protagonista que vá se tornar um ídolo ou que você vai achar foda. Ela é muito problemática, insegura, e na maioria das vezes fica se fazendo de tudo isso, durona, madura, forte, mas é bem o contrário, e o pior, ela nem finge bem! Então passa um ar de novela mexicana com aquele dramalhão. Ela precisa de ajuda, pede, implora, e quando alguém quer, ela simplismente vira as costas, e fica se remoendo por ''ter de fazer aquilo''. É uma chatice. Ok, eu já reprimi certas ações e me indignei com elas, de Elena (Vampire Diaries), Rose (Vampire Academy), Ever (Imortals), mas eu podia entender, e até se me colocasse no lugar, acharia que faria o mesmo, apesar de provavelmente me odiar por isso, mas Dru é simplismente, você nem se extressa depois de certo tempo de dizer ''não faz assim'', você sabe que ela vai fazer, e ela nem tem um porque bom de fazer, então, não é alguém que eu compreenderia muito, nem diria que faria igual - pode ser pretensão, mas eu acho que faria bem melhor, e acho que vocês vão pensar isso. Ela fala que Graves é bebê, e inocente, mas Deuses! ela vive dizendo ''sou uma criança, queria tanto um adulto pra cuidar da situação, assim eu poderia viver normal e sem problemas, sou só uma criança! não posso fazer isso'', aff, sinceramente go fuck. Na situação crítica dela, ok, tudo bem ela querer isso, mas, caramba, uma filha de um caçador pensar assim?! Se achar incapaz com treinos? Nem querer vingar a morte do pai dela e querer sair correndo? Não querer tomar as rédeas? Ela podia ser um pouquinho madurinha depois de tudo pelo que passou e não só fazer de conta e querer que as pessoas finjam que acreditam. Além de tudo, a história dela é bem interessante, mas ela é muito ignorante sobre si mesma, tipo, alguém revela algo a ela, e ela não vai a fundo, não faz perguntas, fica dando voltas, diz ''que não quer saber, nem pensar sobre isso'', não quer trabalhar sobre seu potencial, e tipo, ela fica querendo saber os mistérios que a cercam, os segredos que escondem, e quando contam uma coisinha, ela já não pergunta as questões básicas que passam por nossa cabeça, deixa por estar, e diz que não quer mais conhecer a verdade. E o modo como ela conta as informações é muito ignorante também. Explica mal explicado, pela metade, e isso é inadmissível para uma filha de um caçador, oras! Além de tudo ela, e portanto, a autora, tem uma dificuldade em dizer vampiro; de vez disso você lê, chupa-sangues, é ridículo! Ok, uma, duas vezes, para debochar, mas sempre, sempre, sempre, e você mal enxerga, a não ser se o Chris ou o Graves falam vampiro, ela dizer. Cara, ela nem age como se tivesse visto um filme trash sobre vampiros ou lobisomens, nem o clássico com Bela Lugosi, ou lido Bram Stoker.
 Graves é uma graça. É incrível que ele aparece como um figurante, mas como não de costume - porque eu pela primeira vez que ''vejo'' cada personagem, sinto como se ele fosse mais importante ou não - eu senti e quis que ele não fosse só um, e dei sorte! Cara, eu sei, tem vários, os irmãos Salvatore, com suas peculiaridades particulares, Dimitri, Damen, Cabel, Sinclair, Phoenix, Alexander... entre milhares de amores da minha vida, mas Graves é o único cara, que eu não digo só ''perfeito'' porque gamei de quatro por ele, e sim porque, ele realmente é muito perfeito. Ele nunca viu Dru na vida, além de um dia no colégio, e ajuda ela total, e mergulha total nos problemas dela, vive acompanhando ela, mesmo com as rejeições dela, não desiste, faz tudo por ela, encara tudo por ela, se entrega pra ela, e não reclama de nada do que acontece com ele por causa dela. É surreal a dedicação incondicional dele por ela. E me revolta o tipo de retorno que ela dá a ele, o ar de ''pena'', ''gratidão'' e nada de ''se toca!'' - aviso que o livro não tem cena romântica, por mais que tenha umas picantes. O cara é todo por ela. Eu, com certeza, não tenho um defeito para atribuir a ele, e, Deuses, como eu queria o Graves pra mim.
 Christopher, não deu para conhecer muuuito bem, já que ele apareceu para mais da metade do livro, mas, o jeitão dele, é muito charming. Entendo as atitudes da Dru sobre ele, mas cara, depois de certas coisas que ele faz por ela, de boa, ao menos confiar e retribuir ela deveria. Ele é divertido, paciente, protetor, preocupado, e o tipo de relação que ele tem com Graves é engraçada, é uma rivalidade não muito séria, gera uns risos, e os dois levam na boa. Gostei muito dele também.
 Como eu disse, a história é muito interessante e foda, e infelizmente foi escrita pela pessoa errada, mas eu adorei, e vale a pena conferir, pois apesar de eu ter odiado o modo que foi apresentada, eu adorei a história mesmo. 

Espero que tenham gostado, acho que eu escrevi demais. (=X)



Nanda

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